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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

De pai para filho


O pai entrou de mansinho no quarto do filho que dormia tranqüilamente e falou como quem tinha muito a considerar: 
 
- Escute meu filho: digo isto, enquanto você dorme aí com a mão sob o rosto e os cabelos pregados na testa úmida. 
 
- Há poucos minutos, lendo o meu jornal, fui tomado de intenso remorso. Inquieto, vim para perto do seu leito. 
 
- Eis o que eu pensava, meu filho: fui implicante com você; repreendi-o quando se vestia para a escola e porque não lavara o rosto com cuidado. 
 
- Falei com aspereza por causa dos sapatos sujos. Gritei, zangado, quando deixou suas coisas no chão. 
 
- Ao café, de manhã, achei pretexto também para resmungar. "Você derrama leite na toalha; devora em vez de comer; tinha os cotovelos sobre a mesa; punha manteiga demais no pão." 
 
- E, quando saímos, você para brincar e eu para tomar o ônibus, você voltou-se, deu adeus com a mão e gritou: "até logo paizinho!" Fechei a cara e, como resposta, disse: endireite os ombros!" 
 
- Depois, tudo começou à tarde. Quando vinha pela rua vi-o, de joelhos no chão brincando; suas meias estavam furadas: humilhei-o diante dos colegas, mandando que seguisse à minha frente, para dentro de casa. "As meias são caras e se você tivesse que comprá-las teria mais cuidado." 
 
- Imagine, filho, ouvir isso de um pai! 
 
- Lembra-se quando, mais tarde, eu lia na sala e você entrou timidamente, com um traço de mágoa no olhar? Levantei o jornal, impaciente pela interrupção, e você hesitou na porta. "Que é que você quer?" Rosnei. 
 
- Você não disse nada, mas correu pela sala e, num pulo rápido, atirou-se sobre mim, me abraçou, me beijou e os seus bracinhos me apertaram com o amor que Deus fez florescer no seu coração e que nem a minha negligência conseguia reprimir. 
 
- Bem, filho, foi pouco tempo depois disso que o jornal me escapou das mãos e o meu espírito se sacudiu por uma preocupação terrível: "que será de mim, se me escravizo a este hábito de viver xingando, estar sempre repreendendo?" 
 
- É a única recompensa que lhe dou por ser um menino sadio? Não é que não o ame; é que queria exigir demais. Media a sua juventude pelo gabarito da minha idade. 
 
- E há tanto de bom, de excelente e verdadeiro em seu caráter! 
 
- O seu pequeno coração é tão amplo como a própria aurora a descer sobre os morros. - A prova estava naquele impulso espontâneo de vir correndo para me beijar e me dar boa-noite. Nada mais vale esta noite, meu filho. 
 
- Vim para o lado de sua cama, na escuridão, onde me ajoelhei, envergonhado, como uma pequena penitência. Sei que você não compreenderia estas coisas se eu as dissesse enquanto você estava acordado, mas amanhã serei um paizinho de verdade. 
 
- Serei mais que um amigo; sofrerei quando você sofrer; rirei quando você sorrir; morderei a língua quando me brotarem palavras impacientes. 
 
- Direi repetidas vezes, como uma oração: "ele é apenas um menino, uma criança." 
 
- Receio e temo que o tenha tomado por homem. Entretanto, meu filho, contemplando-o agora, encolhido e cansado sobre a cama, convenço-me de que você é apenas uma criancinha. 
 
- Ainda ontem você dormia nos braços de sua mãe com a cabeça apoiada no ombro dela. 
 
- Pedi demais, pedi demais! 
 
Pense nisso! 

 
Aquele pai teve oportunidade de pedir desculpas ao filho por ter sido tão rude, mas, infelizmente, há tantos pais que só se dão conta disso depois que os filhos crescem ou partem para o mundo espiritual.

Pensemos nisso!

 


Autor:
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base na revista Seleções do Reader´s Digest, 08/45 º Pai esquecido. 

2 comentários:

Dalila disse...

Acho que devemos pegar essa história e colocar no nosso dia a dia; muitas vezes só respondemos o nosso irmão com pedradas, só machucamos e nunca paramos para ouvir a coisa importante que ele tem a nos dizer, independente de ser pai, filho, amigos etc, é preciso que haja uma reflexão antes de agirmos compulsivamente; primeiro para não machucar quem amamos e segundo para não machucarmos a nós mesmos!
Acho que isso serve para todos

flavia disse...

amei essa postagem melhor dizendo sem palavras,ja passei por isso porem com a minha mãe,sempre eu era recriminada e cobrada,mas graças a deus um dia pudemos amadurecer e ambas se pedirem desculpas.Hoje amoo a minha Mãe e é a minha melhor amiga,agradeço e peço a deus todos os dias para que conserve a minha mãe por muito e muito tempo ainda comigo.Amiga parabéns sempre pensando em como ajudar as pessoas,pois assim como essa criança muitas ainda precisam e muito mais pais que cobram cobram e nao percebem que a acada dia o coração endurece e a magoa que cria a um ser inocente e que ainda se tornara um adulto com responsabilidades na hora certa.